registos, leituras, ecos, palavras, imagens, gestos, passos de dança e ensaios de voo...
aromas e sabores que (a)guardo carinhosamente





sábado, 27 de fevereiro de 2010

impudor

(Photo by Puncie on deviantART)

impudores...
ou retratos sépia.

pele marfim,
vestido de luar
frutos vermelhos
mãos transparentes
e dedos vagabundos
que percorrem o ventre
anunciando a noite,
celebrando o desejo.

pintar a luxuria
em telas sombrias,
mãos branca,
pernas trementes,
paixão ardente,
eu... a (a)guardar os teus passos!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

acorda-me...

(Photo by MustafaDedeogLu on deviantART)

num jogo de luz e sombra,
ousar e timidamente recuar;
rosto enrubescido,
o corpo queima
ao toque das pontas dos teus dedos

dar, tomar, acariciar, abraçar, oferecer, revelar,
sentir, cheirar, saborear, contemplar.

obscena a natureza exclusiva do amor,
crua a atracção,
intensa e impetuosa
a voz que me acorda os sentidos
e me transforma em escrava de mim mesma.

quero-te!
apetece-me o sabor marinho
o cheiro a (a)mar
e o sorriso mel
das tuas palavras sempre doces

acorda-me...
(para que não hiberne aninhada neste sonho de ser tua)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

pedra e cal

(Photo by Haifona on deviantART)
o chão que foge
ou a mão que se estende,
sombras e labirintos num mundo virado do avesso!

... mas quando outros voltam as costas,
há quem reme contra a maré
e se faça presente.

em dias de tempestade
quando o vento uiva e assusta
quando furiosamente o céu parece querer desabar sobre nós
há quem se faça: "porto de abrigo",
recanto de paz,
acolhimento sereno,
ombro amigo,
bálsamo e alento,
palavra que conforta,
música que embala e aquece,
gratuitidade,
sorriso e gargalhada!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

sorrisos...


(Photo by Stortvind on deviantART)

o vento onde te invento
o nevoeiro que me abraça
a maresia que perfuma

este querer alucinante
que queima, prende, solta
impele a voar

este silêncio barulhento
onde palavras se atropelam
na tentativa de se transformarem
em gestos, afagos, murmúrios,
odores e paladares

este tempo fora do tempo
este amar fora do amar
- desusado, invulgar,
envolvente e intenso

tudo isso... somos nós

sorrisos com que
alegramos os dias
que nascem frios

domingo, 14 de fevereiro de 2010

le plus beau du quartier

(Photo ValentinaKallias on deviantART)

navego contigo
em caricias que nos fogem
da ponta dos dedos
para se eternizarem
nas palavras-gestos
que nos acariciam
a pele e a alma.

teu é o sabor, o cheiro,
e as impressões digitais
que marcam no meu corpo
o teu nome, simples
como o desejo
puro como o sorriso.

querer absoluto,
livre e terno,
que se solta em cada palavra
e aumenta a cada manhã
sempre que me impedes de hibernar,
e me fazes sonhar mais alto,
sentindo mais forte
o prazer de mergulhar
c o n t i g o
nas águas revoltas
da sedução...

tatuagens na alma
que se fazem ao som
da voz rouca da cantora
que espalha francês
como mel
na pele que saboreias
branca e sem maquilhagem.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

valentine...

(Photo by Sortvind on deviantART)

lareira crepitante,
lento entoar
de notas de paixão,
melodia aquecida
pelas promessas escaldantes

ardentes os olhos
que reflectem as chamas
multiplicando o calor

em brasa, os lábios
sedentos de palavras
por inventar,
encontram nos seios fartos
a fonte que acalma
a fome de sentir

enlaça-me com as pernas,
prende-me nos teus braços,
e ficarei!
(ainda que o chão me falte,
ficarei! )

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

incondicional

(Photo by sortvind on deviantART)

a voz treme,
tenho frio,
está escuro,
o aroma do medo
tolda-me os sentidos,
perco-me
e não vislumbro o norte...

tudo é condicional, menos TU!

visto o calor
das tuas palavras;
conduz-me o brilho
da tua voz;
ergue-me o perfume
do teu abraço
(e sorrio ao pensar que poucas declarações de amor têm a pureza do teu...)

és carinho, mão estendida, força e silêncio, presença e estimulo, palavra clara e inequívoca... e por vezes, penso se o saberás!?

o b r i g a d a  ,   meu querido

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

palavras em desalinho

 
(Photo by SmallStranGer in deviantART)


a metamorfose do eu
sobreviverá a ventos e tempestades?

voará a borboleta...?

"o toque da seda ou a suavidade do algodão? a magia dos sentidos ou a eternidade do sentir? a flor que desabrocha ou as pétalas que caiem? onde detenho o meu olhar? em mim ou em ti? no eu que se impõe ou no que aceitei? antes de... tudo era tão simples, tão aparentemente no lugar certo...! vidas que se organizam em torno de nada e que se desarrumam por coisa nenhuma... ou nem por isso?
quero a seda, os sentidos, o desabrochar... o eu! a imagem que o espelho reflecte e o outro lado de mim, o chocolate e as rosas com espinhos, o champanhe e a brisa nocturna, a embriaguez dos sentidos e a acutilância do olhar. quero(-me) êxtase, inebriamento, espelho mágico??? "

e voo!

"porque eu sou feita p'ro amor
da cabeça aos pés..."

imparável e frágil
insegura mas determinada
a deixar que seja a brisa
a escolher a flor que beijo

"porque eu gosto é de rosas..."
(e o acolhimento das pétalas
a decidir onde fico...)

palavras em desalinho
sentimentos em fuga
entrelinhas mudas
i l u s ã o

e uma lágrima!
 
 
Set 2008

degusta.ME

(Photo by SuzyTheButcher in deviantART)


moscatel nos lábios
beijo doce
corpos enlaçados
um floco de neve
que derrete no colo
e me transforma
na gota de água
que sorves

a pele escaldante
o brilho nos olhos
e a paixão
que dá alento
para caminhar na noite
onde colho dúvidas
em árvores de medo
cobertas de folhas
caducas e sem aroma

prende-me com o olhar
solta-me a imaginação
beija-me os pulsos
- que desatas,
para que te acaricie
livre de tabus
vulnerável, macia e
complexa...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

assim tu

 
(photo by Sophie0305 in deviantART)

flocos de neve
que se derretem
no rosto:
desejos,
sonhos e ilusões.

um amor
sem tempo,
sem distancia
e sem medo.

um querer
que me excede,
um desejo
que suprime obstáculos,
uma paixão
sem data.

o sorriso
que guardo no peito
e que solto
quando respiro fundo;
o calor
que me aquece
quando sacudo
a neve dos cabelos que pinto
para lhes avivar o perfume;

o sol
que nasce
nos dias cinzentos
quando as nuvens
se esquecem
de ter forma
e me pedem
que as molde...

contigo...
desenho
arco-íris,
desertos e fontes;

voo
entre as estrelas
que iluminam
o teu olhar
quando soletro
palavras de carinho
ao teu ouvido;

danço
ao som do vento
e das flores
que rebentam
a terra
junto aos pés descalços

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

inseguranças

(Photo by aniko in deviantART)

o sono das noites calmas
fora do alcance
quando a neve reflecte
a luz da lua que teima
em não minguar.

as desavenças da vida,
e a duplicidade
dos sentimentos.

pessoas, lugares, objectos,
tudo parece falar,
- ninguém disposto a ensinar...

a polpa do sumo de laranja
e as tiras frias do bacon,
quarto com pequeno almoço
e uma ilusão.

um selo
numa carta sem destino...

conchas vazias
numa praia perdida,
sal na ferida,
e um cão que ladra
para chamar a atenção:
som da fidelidade,
símbolo de
incondicionalidade.

a cada relance
um abanar de cauda,
a cada encolher de ombros
um rasgo de imaginação,
e a consciência
de que o medo
nunca me abandonou!

uma lágrima
transparente
mancha o endereço
por escrever.
as etiquetas
e as alcunhas
são selos esfarrapados
em cartas
que nunca recebi.

uma carta por um dia?
um selo por uma carta?
sem reciprocidade,
o amor.

as lembranças
que se desvanecerão
à mesa do café
- expresso curto
com pouco açúcar;
colisão de emoções breves.

emoções
que nunca permaneceram,
sentimentos
que nunca vaguearam.
lógica
que nunca ofereceu
palavras de conselho,
e a esperança obstinada
que nunca ajudou.

selos numa carta perdida
que nunca se encontrou...

é o telefone que não pára,
ou fui eu que emudeci?

pérola minha, uma amizade que tende para infinito

(Photo in deviantART)

manto branco
e a poesia dos corpos
neve em flocos salpicada
por pérolas vermelhas de paixão
jarra de cristal
na transparência e na dor
os brincos de prata
e o silêncio que é de oiro

repousa no teu peito a
sede do toque
a pressão dos dedos
na pele
num abraço

nós lassos que se apertam
e sempre, sempre
o vento branco
no verde do céu
pintado com azevinho tinto

palavras com resposta
eu e tu

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

"Liberdade/ É também vontade." José Gomes Ferreira

(foto retirada da net)

amanhecer sombrio,
nuvens densas,
tempestade de sentimentos,
ladainhas a Sta. Barbara,
a perplexidade da vida
na (in)certeza da morte
e eis que...

inusitado,
surge o sol ofuscante,
loucura de deus pagão
Adonai
que derruba
quando o sol fere a vista,
e as almas,
e os corpos - ainda vestidos...

véus que cobrem
mentiras
que me rebentam nas mãos
quais foguetes
de um São João tardio
como os figos que
rebentam a boca
mas, são pingo de mel
as palavras duras,
escárnio e maldizer...
Etelvina!?!?

a travessia do deserto
e a sesta nas planícies escaldantes,
a tarde multicolor
que termina
com o arco íris resplandecente,
hoje, agora, já
antes que chova...
o pôr do sol a Este
sem mar
(agora revolto)

mãos que derrubam,
mãos que erguem,
dedos que apontam,
dedos que tocam,
aguarelas a tinta
da china invisível:
tatuagens da alma

ensaio de voo nocturno
"- as gaivotas não voam à noite!!!"
perder o medo,
ser diferente.
sem Fernão nem piedade
o salto da encosta,
o voo livre e o planar...
finalmente em liberdade!

longe de olhares (in)discretos
ou de ouvidos (in)sensíveis,
descobrir:
pérolas e manhãs de nevoeiro
- problemas resolvidos com attitude,
um planeta fora do mundo
e E U !

adormecer nua
enroscada
no colo e no beijo,
embalada pelo vento:
inconstante,
omnipresente,
amado,
meu...!

palavras doces,
declarações emotivas,
vontade e querer:
S O U

nem marés nem marinheiros,
nem rotas nem portos de abrigo,
o rumo do ciclo completo,
morte e renascimento,
num dia ano
que amanheceu
sombrio
e adormece tranquilo.
P A I X Ã O
 
 
Dez/2008

palavras (inter)ditas

( Photo by SunshineBoulevard in deviantART)

se dizes: amo-te
e o dia nasce,
a luz ilumina,
irrompe o sol,
acende a lua,
confundem-se as estrelas
e confundo-me eu!

amor,
soletra-me baixinho
verbos de paixão,
quero ler as entrelinhas
do teu corpo,
e descobrir no recorte
dos teus lábios
o tempo e o lugar
de amar.


[é sofrida a distância
que se impõe
ao desejo...]

domingo, 7 de fevereiro de 2010

dia-sim, dia-não

(Photo by Frizztext in Flickr)
lá fora:
o vento, a chuva,
os ramos quebrados,
o raio que ilumina e assusta,
a água turva
que transborda

aqui:
o calor, o abraço,
as cordas da viola,
o acorde perfeito,
a chama acesa,
Romeo & Juliet ever after...

agora:
o momento
que dura uma vida,
o beijo que é ponte,
o quadro
que pintas em mim,
as palavras
que escrevo nos aneis
do cabelo solto

amanhã:
a melodia do hoje
o olhar brilhante
de quem não deixa de sorrir,
a aguarela
onde me perco,
o livro
que guarda as tuas palavras,
e a música que
não pára!
O caminho em dias não.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

passionata

(foto yu+ichiro)


raízes
sombra
luz no fim do dia

doce mar
barco parado
correntes e nós
às voltas com a vida

permanecer
e mergulhar
em busca
da transparência
e da pureza
no fundo da corrente

crescente a emoção
nas noites de lua cheia
insónias
um livro
uma paixão
jogar-perder-ganhar
no amor
(e no sorriso):
nem sempre perde quem mais ama

costas nuas
enfrentam o vento
que sopra
palavras de encanto
e de espanto
magia que acalma
a sede e a fome
dos corpos
livres do frio
que é agora impossível!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

t(r)ocar estrelas com sorrisos



encontrar-te
- numa qualquer esquina da vida,
ou num recanto recôndito do jardim
contar estrelas
ou gotas da chuva
e trocar cada uma
por um sorriso
ou
um beijo...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

beber a vida (message in a botle)


chá de menta
em flutes de champanhe
sentires frutados
desejo latente
bebedeiras de paixão
- e esta sede imensa
de beber a vida
num só trago

sentidos proibidos
obrigatórios os caminhos
que se cruzam, as esquinas
que se dobram, os olhares
que enternecem derretendo o gelo
dos corações empedernidos

gritos mudos
de desejo e sedução
audíveis em cada poro
dos lençóis brancos
na cama fria
nos corpos
quentes e húmidos
que (se) (a)guardam
os livros que se não lêem
nas noites de solidão vazia

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

olhares

(foto yu+ichiro)

reflexos de fogo
nos olhos,
lareira acesa
no olhar,
sonhos antigos,
palavras cansadas,
feridas abertas.

colado no peito
o sentimento,
momentos tatuados
na alma,
azul e dourado,
o pôr-do-sol
na praia deserta.

pele na pele,
encaixe (im)perfeito?
metades (des)encontradas
ou apenas
um sorriso aberto do que somos?!

rendezvous


(Photo by kittyoholic in deviantART)


farrapos de noite
encobrem viagens solitárias
na escuridão iluminada
que multiplica desejos e fantasias;

é então,
que o vento sopra,
e nuvens de beijos ardentes
transformam a tempestade
num louco rodopio de sentires,
sabores e aromas raros
que me colhem
e que eu acolho
aninhada no teu olhar quente

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

imagem difusa, clarividente

(Photo by SunshineBoulevard in devianART)




voa a ponta do véu,
revelando a pele macia
do colo, onde a mão repousa
- audaz e terna

[alva e branca, branca e leve]

atrevido e curioso o toque,
feito com a ponta dos dedos,
assaltando pudores e cansaços,
soltando as pontas desfeitas
do véu que já não esconde,
mas esvoaça em rajadas de luz,
reflexos de estrelas nunca vistas
que iluminam o colo exposto
e revelam a mão clara

[solta e firme, firme e carmim]

desprende-se dos lábios
o suspiro, que nenhum bâton
disfarça, marca indelével
em inegáveis tons de paixão,
vermelhos vivos
perfeitamente combinados
com o alvor da mão, do colo
da luz e do véu...

revelação difusa
a imagem do espelho
em que me vejo