registos, leituras, ecos, palavras, imagens, gestos, passos de dança e ensaios de voo...
aromas e sabores que (a)guardo carinhosamente





quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

é tempo do medo...



cavalgam
selvagens
as emoções indomáveis
velozes como o vento de ontem

correm
inflexíveis
levando consigo
os gritos das gaivotas
do sonho que (não) queres 

esconde-se
o amor suave
sensível e terno
(en)cantado pelo poeta
com palavras inventadas

é tempo do medo;
tempo do medo e da dor
de quem não se perde
na capacidade de sonhar(te)
em noites escuras

sem fim à vista
o (en)canto e o poema
o olhar e o desejo
a vontade e o querer
.
.... porque tua, já eu sou.



 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

sonhos de dias de inverno


é bom sentir-te a meu lado enquanto caminho aninhada no teu abraço. o peso do teu braço sobre os meus ombros e os movimentos do teu corpo junto ao meu fazem-me sorrir. ergo o olhar e beijas-me a ponta do nariz gelado, mergulhas o teu rosto nos meus cabelos rebeldes para inspirares o seu aroma frutado e a tua respiração faz-me cócegas. solto uma gargalhada descontraída, e penso na cabana de madeira, na lareira acesa, e no fondue de chocolate que nos esperam. lês-me o pensamento e ris comigo, ajeitas-me carinhosamente o cachecol junto ao rosto, dás-me um abraço apertado e diriges-me no caminho de regresso...

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

(re)inventando o sol

"De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua"

Sophia de Mello Breyner Andersen


(Fotografia de António Rodrigues)

vivia dias sem luz,
sentia o frio, a neve, a chuva...
sonhava o passeio a dois
e a mão na mão;
vertia o mar nos olhos
enquanto fixava a linha do horizonte
.
era onda e fugia no areal,
corria a medo escrevendo na volta da maré
palavras proibidas
repletas de sabores e aromas
para acalmar a saudade

ao anoitecer
colhia reflexos de sol e de (a)mar,
misturava as cores com carinho
e pintava sombras
de (e)ternos amores
i n t e r d i t o s,
s o l i t á r i o s,
p r o i b i d o s

água, sal,
recortes de espuma,
estrela-do-mar,
concha vazia,
cavalo marinho,
areia molhada

era onda e morria na praia
r e n a s c e n d o 
em cada volta da maré...!